Caridad
Mailos López “Larroyd”, Caridade como ficou conhecida, era uma cigana espanhola
que veio para o Brasil com uma companhia de teatro e foi parar em Tubarão no
estado de Santa Catarina. Ali se separou da empresa e do marido. As
dificuldades a levaram para São Paulo onde teve vida dura. Pegou
no pesado trabalhando em fornos de fazer carvão. Sofreu um acidente e ficou
defeituosa de uma perna. Voltou para o sul e em Laguna encontrou um novo
companheiro, Manoel Larroyd, que era latoeiro de profissão e também espanhol.
Aprendeu o ofício do marido e com ele fabricava chocolateiras, alambiques,
tachos, canecas, bacias e outros utensílios. Tinham vontade de morar na
Argentina e um dia partem para lá. Porém em Araranguá são detidos por uma
enchente e enquanto aguardam vão fabricando objetos de lata e fazendo amizades.
Os amigos pedem para que fiquem no Araranguá e eles ficam. Era uma mulher
analfabeta, mas com rara inteligência e dona de uma linda voz. Cantava, tocava
castanhola e dançava. Era parteira, lia a sorte nas cartas de baralho e benzia.
Não teve filhos, contudo criou trinta e oito filhos adotivos. Quando ficou
viúva ensinava a profissão do marido para os filhos que adotou. Era muito
bondosa e bem quista pela população. Todos a queriam como comadre. Tinha também
um raro dom comercial. Foi dona de uma venda e de um pequeno hotel. Construía
casas onde trabalhava de servente e depois vendia para fazer outra e ir levando
a vida. Um dia, porém, a vida a levou e agora Caridad Larroyd é Lenda para as
gentes do Grande Araranguá.
Do Livro: O Grande Araranguá Padre João Leonir
Dall’Alba
Depoimento de Emiliano Hahn e Rivarol Gerhardt.
Filhos adotivos de Caridad Larroyd
Resumido e adaptado por Bento Barcelos da Silva
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