O FORTIM
DAS TORRES
No ano
de 1777, no sítio de “Itapebá (Itapeva), nasceu, nos meados da Torre Norte, um
frágil forte. Os portugueses o construíram aos vinte metros de altitude e
voltado para o mar. Era feito de faxinas, terra batida e leivas de grama em
torno de uma vala. A região, naqueles tempos, fazia parte das “Terras de
Ninguém” (os bugres já não existiam mais). Nos arredores tudo era muito úmido,
insalubre e habitado por feras e mosquitos. Ao sul existia uma pedra chata que
se alongava por entre dunas e matas, e vinha se banhar no oceano. Ao norte tinha o rio com suas muitas curvas que vagaroso corria
para o mar. Lá longe no oeste serpenteava a serra, chata e azul. Ao leste o mar
soberano que, lá muito distante, tocava no céu. Depois, para o norte e para o
sul, praias desertas e sem fim açoitadas pelos ventos e pelos urros das ondas. A redondeza era formada por dunas enormes, um
charco imenso que continha e se confundia com
o pequeno lago que conhecemos hoje (lagoa das torres). Este lago, naquele
tempo, era muito maior e tangenciava os meados da Torre Norte pela sua face
oeste e, a leste, a Torre Norte tangenciava com o mar. Entre o charco e as
dunas havia uma floresta que os separava. O fortim foi construído para combater
um inimigo que devia vir do norte, porém, nunca veio: os espanhóis. Eles tinham
ocupado a freguesia de Nossa Senhora do Desterro na ilha de Santa Catarina. São
Diogo foi o nome dado ao fortim. Na verdade era, apenas, uma grande trincheira.
Chegou a possuir quatro canhões, porém foi ocupado por pouco tempo e depois
abandonado. Como era muito frágil, rapidamente se transformou em ruínas. Em
1797 foi reconstruído e comandado por um tenente sem nome para a história.
Estava equipado com dois canhões. Novamente foi rapidamente abandonado e outra
vez virou pó. Em 1801, quando o alferes pioneiro da “Villa” por aqui aportou,
talvez tentasse, outra vez, reconstruí-lo, mas as informações são muito vagas.
Depois em 1809 novamente foi reconstruído por ordens do agora presidente da
província de São Pedro do Rio Grande com a tentativa de fundar um núcleo urbano
com índios e prisioneiros. Porém esta tentativa não deu certo e o fortim, outra
vez, decaiu. Na segunda década do século dezenove, com a chegada do nosso
primeiro administrador, ele é novamente reconstruído e apelidado de Baluarte
Ipiranga. Estava equipado com dois enormes canhões que apontavam para o mar.
Nesse período a Capela estava em construção. Entre a capela e o fortim passava
uma trilha milenar, o antigo e verdadeiro caminho dos bugres. O fortim durou
até o período da Guerra dos Farrapos e depois pela última vez. Do pó ele veio e para o pó retornou. Virou
Lenda.
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