segunda-feira, 4 de maio de 2020

O Santo que Foi Escravo


O Santo Preto de Torres1
O “torriense”, Sebastião Serafim Coelho, nasceu escravo e era filho da escrava Joaquina. Foi batizado por volta dos oito anos em Torres em 26-01-1858. Não se sabe quando foi embora, nem em que circunstâncias, e muito menos quando ficou livre. Morou em Porto Alegre e Esteio e por último em Canoas onde mais tempo viveu. Bastião, como era chamado, levava uma vida de santo. Era muito pobre e trabalhava fazendo biscates. Não cobrava em dinheiro pelos seus serviços, mas trocava por alimentos o seu modesto trabalho e só pegava o necessário para ir levando a vida. Era um místico. Devoto a Deus, muito querido e respeitado por todos. Aos domingos assistia todas as missas e tomava comunhão mesmo sem ter pecados. Rezava a Via-Sacra com profunda devoção. Durante a quaresma cumpria jejum rigoroso e ia e voltava caminhando, com os pés descalços, até Porto Alegre para participar da procissão da Nossa Senhora dos Navegantes. Não aceitava caronas. Fazia penitências para pagar os pecados que não tinha.
Em Canoas o vigário da paróquia São Luís, padre José Leão Hartimann, conseguiu uma casinha nos fundos da igreja. Aí viveu os seus últimos longos anos. Morreu na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre em 04-05-1958 aos cento e cinco anos de idade (108?). Sebastião foi sepultado no Cemitério Chácara Barreto, na cidade de Canoas, segundo consta no livro: "Pequena História de Canoas", de João Palma da Silva. Sua morte foi amplamente noticiada nos jornais de Porto Alegre. Ele viveu uma vida simples, um modelo para todo cristão. Sebastião, hoje em Canoas, é tido como um Santo. Seu túmulo é venerado por muitas pessoas que o cobrem de flores e velas. Dizem os devotos que graças tem sido obtidas por intermédio desse Homem de Deus e até curas ditas milagrosas. Alguém já falou em colocá-lo nos altares canonizados, para exemplo dos cristãos, o que seria justo e oportuno disse Ruschel. Em Torres quase nada se sabe da vida simples e religiosa desse humilde filho de Deus. Como diz o dito popular: "Santo de casa não faz milagres.”
1 Adaptação do livro O Vale do Mampituba Capítulo V

Nenhum comentário:

Postar um comentário