domingo, 26 de julho de 2020

A ESCRAVA QUE FOI PRINCESA


A QUE FOI PRICESA





A ESCRAVA QUE FOI PRINCESA

Nydangy nasceu na África em 1825. Era uma princesa negra, filha mais velha de Yabá-Yeyê e ia suceder sua mãe no reinado matriarcal de sua pequena tribo da grande nação Nagô. Porém, ela foi sequestrada por outros negros e vendida para traficantes brancos. Ficou separada da rainha, sua mãe e de seu futuro pequeno reino. Veio parar no mercado de escravos da grande Porto Alegre. No ano de 1847, quando estava com vinte e dois anos, tornou-se propriedade do pastor imigrante alemão Adolfo Leopoldo Voges, líder político e espiritual da colônia protestante dos Três Forquilhas. Com seus senhores aprendeu o idioma alemão fluentemente e depois junto com eles o português. Lia, falava e escrevia corretamente nesses dois idiomas. Conservou ainda o yorubá, sua língua nativa, mantendo assim viva a cultura da sua gente em uma terra estrangeira. Tinha um terreiro, no pátio do engenho do pastor, onde fazia seus batuques frequentado por negros e brancos. Foi parteira, curandeira e uma espécie de sacerdotisa. Fazia também rezas e benzeduras, e cuidava com carinho de todos os doentes, pretos ou brancos. Receitava chás e xaropes que ela mesma preparava com folhas e flores silvestres. Fabricava afrodisíacos feitos com ovos de pássaro, mel de abelha e raízes medicinais. Era também excelente cozinheira e doceira. Ficou conhecida como Iyá Maria e Mãe Maria. Nydangy morreu em 1894 no Vale Três Forquilhas, aos sessenta e nove anos, vitimada por cólera que dizimou a região. A escrava que foi princesa viveu na nossa terra e agora é Lenda para nossa gente.   
Adaptado do Livro: Vale do Mampituba  __ Bento Barcelos da Silva

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