A QUE FOI PRICESA
Nydangy nasceu na África
em 1825. Era uma princesa negra, filha mais
velha de Yabá-Yeyê e ia suceder sua mãe no reinado matriarcal de sua pequena
tribo da grande nação Nagô. Porém, ela foi
sequestrada por outros negros e vendida para traficantes brancos. Ficou
separada da rainha, sua mãe e de seu futuro pequeno reino. Veio parar no
mercado de escravos da grande Porto Alegre. No ano de 1847, quando estava com
vinte e dois anos, tornou-se propriedade do pastor imigrante alemão Adolfo
Leopoldo Voges, líder político e espiritual da colônia protestante dos Três
Forquilhas. Com seus senhores aprendeu o idioma alemão fluentemente e depois
junto com eles o português. Lia, falava e escrevia corretamente nesses dois
idiomas. Conservou ainda o yorubá, sua língua nativa, mantendo assim viva a
cultura da sua gente em uma terra estrangeira. Tinha um terreiro, no pátio do
engenho do pastor, onde fazia seus batuques frequentado por negros e brancos.
Foi parteira, curandeira e uma espécie de sacerdotisa. Fazia também rezas e
benzeduras, e cuidava com carinho de todos os doentes, pretos ou brancos.
Receitava chás e xaropes que ela mesma preparava com folhas e flores
silvestres. Fabricava afrodisíacos feitos com ovos de pássaro, mel de abelha e
raízes medicinais. Era também excelente cozinheira e doceira. Ficou conhecida
como Iyá Maria e Mãe Maria. Nydangy morreu em 1894 no Vale Três Forquilhas, aos
sessenta e nove anos, vitimada por cólera que dizimou a região. A escrava que
foi princesa viveu na nossa terra e agora é Lenda para nossa gente.
Adaptado do Livro: Vale do Mampituba __ Bento Barcelos da Silva
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