domingo, 26 de julho de 2020

O FORTIM DAS TORRES






O FORTIM DAS TORRES
               
                                   

No ano de 1777, no sítio de “Itapebá (Itapeva), nasceu, nos meados da Torre Norte, um frágil forte. Os portugueses o construíram aos vinte metros de altitude e voltado para o mar. Era feito de faxinas, terra batida e leivas de grama em torno de uma vala. A região, naqueles tempos, fazia parte das “Terras de Ninguém” (os bugres já não existiam mais). Nos arredores tudo era muito úmido, insalubre e habitado por feras e mosquitos. Ao sul existia uma pedra chata que se alongava por entre dunas e matas, e vinha se banhar no oceano. Ao norte tinha o rio com suas muitas curvas que vagaroso corria para o mar. Lá longe no oeste serpenteava a serra, chata e azul. Ao leste o mar soberano que, lá muito distante, tocava no céu. Depois, para o norte e para o sul, praias desertas e sem fim açoitadas pelos ventos e pelos urros das ondas.  A redondeza era formada por dunas enormes, um charco imenso que continha e se confundia com o pequeno lago que conhecemos hoje (lagoa das torres). Este lago, naquele tempo, era muito maior e tangenciava os meados da Torre Norte pela sua face oeste e, a leste, a Torre Norte tangenciava com o mar. Entre o charco e as dunas havia uma floresta que os separava. O fortim foi construído para combater um inimigo que devia vir do norte, porém, nunca veio: os espanhóis. Eles tinham ocupado a freguesia de Nossa Senhora do Desterro na ilha de Santa Catarina. São Diogo foi o nome dado ao fortim. Na verdade era, apenas, uma grande trincheira. Chegou a possuir quatro canhões, porém foi ocupado por pouco tempo e depois abandonado. Como era muito frágil, rapidamente se transformou em ruínas. Em 1797 foi reconstruído e comandado por um tenente sem nome para a história. Estava equipado com dois canhões. Novamente foi rapidamente abandonado e outra vez virou pó. Em 1801, quando o alferes pioneiro da “Villa” por aqui aportou, talvez tentasse, outra vez, reconstruí-lo, mas as informações são muito vagas. Depois em 1809 novamente foi reconstruído por ordens do agora presidente da província de São Pedro do Rio Grande com a tentativa de fundar um núcleo urbano com índios e prisioneiros. Porém esta tentativa não deu certo e o fortim, outra vez, decaiu. Na segunda década do século dezenove, com a chegada do nosso primeiro administrador, ele é novamente reconstruído e apelidado de Baluarte Ipiranga. Estava equipado com dois enormes canhões que apontavam para o mar. Nesse período a Capela estava em construção. Entre a capela e o fortim passava uma trilha milenar, ­ o antigo e verdadeiro caminho dos bugres. O fortim durou até o período da Guerra dos Farrapos e depois pela última vez.  Do pó ele veio e para o pó retornou. Virou Lenda.

Adaptado do Livro: Vale do Mampituba __ Bento Barcelos da Silva

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