sábado, 25 de julho de 2020

O PEQUENO PESCADOR




O PEQUENO PESCADOR



O menino Kid _ Euclides Manoel Mariano _ na ânsia de fisgar a miraguaia, com o bucheiro, se descuidou e uma onda gigante e traiçoeira o empurrou para dentro do mar. Depois ondas enormes o socaram contra o paredão e ele apagou. “Me descuidei na ânsia de fisgar a miraguaia e senti quando uma onda gigante me empurrou pelas costas e me socou com força para o fundo do mar. Acreditei que ia morrer. Outras ondas enormes me jogavam contra os rochedos enquanto eu tentava me livrar das roupas pesadas que vestia. Bebi água salgada enquanto era arrastado pela força da maré em direção ao norte. Defronte aos pesqueiros Balcão e Feio, enquanto me batia com as roupas, ondas enormes me sufocam contra o paredão. Depois, já sem as roupas pesadas e bem defronte ao pesqueiro Saltinho, vi o “bucheiro” passar por mim. Tentei pega-lo para me equilibrar sobre a água, porém uma onda foi mais rápida e o levou para a escuridão. Senti que em meu peito tinha ossos quebrados e me apaguei. Após o mar me rolou sobre pedras e os mariscos lanharam meu corpo. Mais tarde as ondas apenas me lambiam devagar. Agora, sem roupas, sentia muita dor e um frio que travava os movimentos. Chorei e orei sem saber se estava vivo ou estava morto. Mas, de repente, lá do alto veio um grito: Kidêêê... Eu estava deitado sobre pedras e de barriga para cima. Ouvia vozes, mas eram distantes e confusas. Vi um pano balançando no meio do paredão. Eram roupas. Tentei, mas não consegui me arrastar. As vozes distantes diziam: mais pra lá, mais pra lá... finalmente vi a Luz e a Luz era Jesus. Falou comigo com carinho e prestou os primeiros socorros e me levou nos braços até ao pé do paredão. Lá estava acorda que ele desceu. Me colocou sobre uma ferramenta improvisada e me orientou. Em seguida deu três puxões na corda e eu comecei a subir. Quando cheguei lá encima mãos amigas de pessoas emocionadas vieram em meu encontro. Seu Alfredo correu e se ajoelhou aos pés da réplica do Crucificado. Agradeceu, rezou e chorou. Nesse momento o Sol raiava no horizonte”. Durante seis horas Kid lutou contra o mar, e pelo mar foi arrastado e rolado ao pé do paredão por mais de trezentos metros. É claro que não venceu este gigante e indomável deus pagão, mas também, não pagou tributo. A Luz era Jesus, porém não era o Cristo. Era Adão Luz de Jesus, carinhosamente conhecido por todos como Adão Jacaré. Kid, hoje, é uma Lenda viva na nossa terra para nossos velhos contar para a nossa gente.
Adaptado do Livro: Rabiscando na Areia __ Bento Barcelos da Silva

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