AS PUTAS DE TAQUAREMBÓ
Na virada da segunda para terceira década do
século dezenove, chega ao distrito das Torres uma leva de índios guaranis
prisioneiros de guerras e também alguns presos sentenciados. “As mulheres, como
disse o poeta, traziam filhos e algemas nos braços e na alma lágrimas e fel”.
Os homens vieram para construir a Capela, o fortim e estradas pelo interior.
Alguns deles foram feitos soldados das Milícias Sertanejas com a finalidade de
caçar os bugres. A maioria, no entanto, continuou prisioneiros. Saint-Hilaire,
o naturalista francês, que os encontrou pelo caminho, quando por aqui passou, em
direção ao sul, disse: “As mulheres são feias e desavergonhadas”. Se este
escriba bem entendeu, eram mulheres sofridas e que tinham em oferta as suas
vergonhas. Eram as chinas, as putas de Taquarembó. Mas porquê
Taquarembó e porquê foram consideradas chinas? Taquarembó era um rio no
atual Uruguai, nas margens do qual elas foram feitas prisioneiras, e putas por
tanto terem sido estupradas pelos ditos cristãos. O grande observador da
natureza viu que elas traziam filhos e algemas nos braços, mas não prestou
atenção que essas mulheres também podiam chorar. Elas vieram para se casar com
os milicianos e presidiários na tentativa das autoridades de formar um núcleo
urbano no Sítio das Torres. Essa tentativa, porém, não deu certo, porque para
os filhos da terra, não tinha terra. A região naquele tempo já era um
verdadeiro latifúndio e os milicianos na maioria desertaram e os prisioneiros,
ou fugiram, ou morreram na tentativa de fuga. Como consequência as bugras não
casaram. Para elas, portanto, só restou “putiar”. Nossas primeiras mães,
segundo RRRuschel. Agora elas são da nossa terra Lenda para nossa gente
Antônio
Frederico de Castro Alves _ Navio Negreiro
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