domingo, 26 de julho de 2020

LIVRE PARA CASAR





LIVRE PARA CASAR          



Paulino Pereira da Silva veio ao mundo em 1853. Nasceu escravo e era filho da escrava Eva Pereira da Silva. Em 1878, quando tinha vinte e cinco anos, comprou sua liberdade para casar com Joanna que também foi escrava. Tornou-se carreteiro viajante de profissão. No seu carro, de juntas bovinas, viajava do Passo do Sertão, para o norte, até a capela do Grande Araranguá e vila de Laguna. Após, sempre pela praia, voltava para o sul. Passava na Villa das Torres e Tramandaí, depois derivava para o interior em direção a Porto Alegre e Viamão. Na ida levava principalmente cachaça, farinha de mandioca, açúcar preto e rapadura. Na volta trazia encomendas diversas: fazendas, armarinhos, especiarias, peixes e mariscos secos. Fazia, também, biscates pelo caminho. Segundo a senhora Venina (96 anos) que o conheceu, ficou rico. Construiu a melhor casa na localidade de Olhos d'Agua, no Passo do Sertão _ segundo distrito do Grande Araranguá. Era uma casa enorme, de tijolos, rebocada, forrada, assoalhada e caiada. Na ampla sala, como ornato, tinha em uma das paredes uma canga com duas cabeças de bois mumificadas. Quando morreu em 1935, aos oitenta e dois anos de idade, deixou a viúva Joanna Cecília de Jesus, que tinha mediunidade, sete filhos e bens a inventariar.  Esta é mais uma história Lendaria da nossa terra para a nossa gente.

Adaptado doo livro: Vale do Mampituba __ Bento Barcelos da Silva

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